
A música pode ter efeitos incríveis sobre pacientes. É o que vem mostrando a ciência. A idosa espanhola Marta C. González, por exemplo, apesar de sofrer de Alzheimer, conseguiu, ao ouvir a música tema do “Lago dos Cisnes”, composta por Tchaikovski, reviver a coreografia do balé em que se apresentou quando jovem.
O vídeo, gravado em uma casa de repouso de Valência, em 2019, meses antes do falecimento de Marta, ganhou efeito viral nas redes sociais nos últimos dias, ao ser divulgado pela associação espanhola Música para Despertar - que faz uso de terapias musicais no tratamento de pacientes com Alzheimer - e compartilhado por personalidades como Antonio Banderas, Jennifer Garner e Ian McKellen, e tem emocionado quem dedica alguns minutos a assisti-lo.
Segundo Miguel Nicolelis, renomado neurocientista brasileiro que lidera pesquisas na Universidade de Duke, em Durham, Estados Unidos, "Claramente a música despertou, liberou programas de coordenação motora que ela tinha armazenado ao longo de uma vida toda. Você vê a beleza dos movimentos dela, a coordenação, a precisão" (Fonte: G1).
A bailarina espanhola era mais conhecida como Marta Cinta e teve sua formação na escola do coreógrafo russo Nikolai Yavorsky, em Cuba. Na época de sua atuação, ela tinha sua própria companhia de dança e se apresentou em Nova York.
O vídeo mostra Marta ao relembrar à coreografia, intercalando cenas da bailarina russa Uliana Lopatkina, dançando o mesmo balé, a fim de mostrar à fidelidade gestual dos movimentos esboçados.
Ainda para Nicolelis, é difícil traçar um diagnóstico correto do que aconteceu no cérebro de Marta naquele momento, sem maiores aprofundamentos no caso clínico dela, todavia, diz ele: “O ponto mais importante é perceber a resiliência da mente humana. Mesmo com a possibilidade de que ela [Marta] tenha sofrido graves lesões e perda cerebral muito grande, os circuitos que ainda estão funcionais foram capazes de desencadear esses programas motores. O gatilho é claramente um estímulo sonoro, é a música” (Fonte: G1).
Ainda assim, o cientista ressalta o aspecto humano em face do científico presente no vídeo, que o fez lembrar-se da avó, que sofreu declínio cognitivo, mas, como pianista, ainda conseguia tocar o instrumento.
A música nesse cenário, enquanto arte, parece se mostrar capaz de despertar nossa humanidade e as boas memórias que, de uma forma ou de outra, estão sempre armazenadas em algum lugar de nós mesmos.
Matéria Original
G1 - https://g1.globo.com/bemestar/viva-voce/noticia/2020/11/12/video-de-ex-bailarina-com-alzheimer-mostra-resiliencia-da-mente-humana-diz-neurocientista-miguel-nicolelis.ghtml?fbclid=IwAR34AeI0zmIDaAsq1k2CdM4Kr-3fneiXvpSO88ccvUvXKTIEw83Qjux0Jko
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